Fonte: Reprodução – Youtube JC Play
Valfrido de Oliveira Cezar, nascido em 1957 no Sítio Cavaco, um dos componentes da comunidade Quilombola do Timbó, situado no distrito de Iratama, no município de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, completou 62 anos de vida.
Atualmente, Mestre Fida continua residindo em Garanhuns, onde confeccionou suas notáveis obras em seu próprio ateliê, localizado em sua residência no centro da cidade, desempenhando esse trabalho de forma solitária. Saiba mais sobre o artista.
História do Mestre Fida
Mestre Fida é um representante genuíno da Cidade das Flores, não apenas na arte, mas também na construção e no auxílio à sua comunidade, onde presta serviços de barbearia, corta cabelos, oferece conselhos e atua como jogador central no “Barcelona do Timbó”.
Vale mencionar que ele é pai de sete filhos, sendo dois do sexo masculino e cinco do feminino, contudo, nenhum deles demonstrou interesse em aprender e dar continuidade à arte de seu pai.
Recentemente, ele iniciou um trabalho voluntário em colaboração com escolas que o convidaram, junto a outros mestres, com o objetivo de ministrar palestras para crianças, proporcionando-lhes um entendimento mais profundo de sua história, raízes e cultura.
A incursão de Fida no mundo da arte começou quando trabalhou no bombardeio da barragem de Inhumas e conheceu Wagner Porto, um jovem artista plástico recém-chegado à cidade, dotado de múltiplos talentos. A convivência com Wagner despertou seu interesse pela arte, levando-o gradualmente a iniciar sua própria produção artística.
Wagner, que mantinha conexões com lojistas em Olinda, capital do artesanato, costumava levar as obras de Fida em suas visitas à cidade natal e comercializá-las, uma vez que Fida não dispunha de tempo devido ao trabalho diário. Eles colaboraram nessa parceria por bastante tempo, e Fida, inspirada por seu amigo, aprendeu a arte de vender suas criações.
Posteriormente, Janete Costa, conterrânea de Fida, ingressou na cena, acreditando na arquitetura como uma ferramenta para promover transformações socioculturais, ao mesmo tempo em que enaltecia o artesanato brasileiro, alinhando-o com movimentos culturais como o art nouveau e o art déco.
Janete desempenhou um papel crucial ao orientar Fida em relação às suas melhores obras, inclusive encomendando seu primeiro grande barco, seguido por outros projetos significativos.
Mestre Fida é um guardião das tradições ancestrais, um legado dos conhecimentos materiais do povo Quilombola do Timbó e das lições transmitidas pelos antigos mestres, como o contador de histórias Ciço de Rosinha, que moldaram profundamente sua formação artística.
É nesse vasto universo cultural que o talento de Fida se sobressai. Suas obras apresentadas estão nas principais coleções de arte popular em Pernambuco, Brasil e diversas partes do mundo. Ele é uma figura constante na Alameda dos Mestres desde a primeira edição da Fenearte em 1999, a maior feira de artesanato da América Latina, e expressa seu sentimento de honra por estar associado a tantos outros talentos.
As criações de Fida já foram exibidas em diversas exposições pelo Brasil, incluindo a Mostra do Redescobrimento, realizada em São Paulo no ano 2000 para comemorar os 500 anos de descobrimento do Brasil. Suas obras também são exportadas para diversos países. Reconhecido como um grande representante da arte popular brasileira contemporânea, sua história foi documentada na série “Invenções da Alma – Arte Popular Brasileira”, em uma coprodução com o Canal Arte 1.
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